quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O QUITUTEIRO

...na sala de segurança no Palácio da Alvorada.


“Chefe, o cozinheiro disse que tem uma coisa muito importante pra contar.”
“Ele entra só se tiver alguma comida.”

O Policial federal sai da sala para comunicar que ele só entraria se tivesse alguma comida pra oferecer aos delegados.

“Bom, eu já sabia disso e trouxe uma bandeja de quitutes. Se quiser pode se servir também seu guarda.”

Os olhos do policial cresceram ao ver aqueles quitutes, o cheiro maravilhoso que subia.

“Valeu aí seu chefe! Pode entrar pode entrar!”

Catando alguns bolinhos de carne, duas esfihas, duas coxinhas e ele ainda conseguiu abrir a porta para o cozinheiro.

“Aqui está.”

Os dois delegados e o escrivão avançaram sobre a bandeja de quitutes.

“Pois bem, o que o senhor deseja?
“Meu nome é Vicente da Cunha, sou um dos cozinheiros chefes do Palácio e vim aqui fazer uma confissão.”
“Confissão? Que confissão? Moço isso aqui não é igreja e nós não somos padres.”
“Fui eu que assassinei a presidenta.”

O Delegado chefe engasgou e necessitou tomar um copo de água pra poder se recuperar.

“O quê??”
“Eu sou o responsável direto pela morte da presidenta.”
“Como? Por um acaso você a envenenou?”
“Não. Eu não sei mexer com venenos. Acho que poderia matar alguém inocente. Eu pensei, no principio, em dar um tiro nela. Mas, eu ir para a cadeia porque matei aquele estrupício? Não! Vocês sabem bem que um assassinato com arma é mais fácil de se solucionar.
“Mas porque você faria uma coisas dessas?
“Lembra do vôo 247? Perdi meu grande amor lá...”
“Lembro, mas o acidente aconteceu no governo passado e não no dela.”
“Na verdade o objetivo era ele, mas não consegui implementar meus planos a tempo de alcançá-lo. Ele saiu ela entrou.”
“E como você a matou?”
Ele olhou para os quitutes.
Imediatamente os três homens cuspiram o que estavam comendo.
“Não se preocupem. Não estão envenenado. Eu já disse que não sei mexer com venenos! Não tem cuspe nem nada nojento. É o melhor quitute que vocês já experimentaram. Eu tenho certeza disso.”

Os delegados estavam confusos. Um misto de preocupação com muito trabalho a vista.

“Mas como? O que você fez?”
“Posso me sentar? A história é longa.”

O Delegado mais velho fez um gesto para ele se sentar.

“Antes de ser cozinheiro, eu era um químico e trabalhava na indústria farmacêutica. Estava casado a pouco tempo quando aconteceu o acidente do 247. Minha esposa estava lá. Fiquei traumatizado um bom tempo. Depois disso mudei de vida, mudei de cidade. Aprendi a cozinhar. Fui cozinhar para um restaurante de beira de estrada. Lá conheci uma senhora que me ensinou a ser quituteiro. Com o passar do tempo fui me especializando. Foi quando resolvi visitar uns parentes na Ilha Grande. O dono de um restaurante provou de meus quitutes e me contratou. Durou pouco. Pois um deputado federal adorou os meus quitutes e me convidou a trabalhar em Brasília. Nesta época meus planos começaram a se formar. E a minha vingança também.”
“Mas você antes de trabalhar aqui teve sua vida devassada e teoricamente tem a ficha limpa. Senão não estaria aqui.”
“Meu plano era muito simples. Tão simples que vocês não perceberam que ela foi assassinada.”

Os homens estavam perplexos, não sabiam se o mandavam embora, se chamavam os médicos psiquiátricos. Mas o delegado chefe que eram um policial das antigas. Havia sentido algo naquela história.

“Seja mais sintético Senhor Vicente.”
“Experimentem um de meus quitutes. Não são magníficos? Eles combinam bem com cerveja. É um típico prato de boteco.”

E realmente eram, os policiais não conseguiam parar de comer. Todo policial sabe atirar e desfrutar de uma boa comida de boteco.

“Pois bem, esses são os meus quitutes de baixo nível. Que eu considero. Eu tenho o bolinho de bacalhau, bolinho de feijoada, rissoles de camarão e a empada de palmito. Estas são as minhas especialidades. Minhas ‘Master Pieces'”
“O senhor trouxe alguns deles?”
“Infelizmente não. Mas eles estarão prontos a partir de amanhã.”
“Continue.” Ordenou o delegado chefe.
“Então. A Presidenta era louca pelos meus quitutes. Ela, com bastante frequência, almoçava e jantava quitutes. Lembra que logo que ela entrou, alguns meses depois ela começou a ganhar peso? Pois bem foi quando meu plano começou a dar certo. Ela tinha um perfil psicológico muito intenso. As vezes estava de bom humor mas era de um mau humor irritante. Nestes momentos eu a presenteava com alguns dos meus quitutes mais densos!”
“Densos? Densos de quê?”
“Pasteis de carne e de camarão. Coxinhas com catupiri, e a bomba! Os meus acarajés! Rapaz! Ela os adorava. Ainda colocava o molho de pimenta baiana a parte que ela só faltava mergulhar o dedão naquilo de tanto que ela comia.
No dia seguinte o pessoal sofria. A cara de hemorroida que ela fazia era demais. Todo mundo sabia o que ela tinha comido pra estar daquele jeito. O pessoal ficava bravo comigo. Um dos ministros me proibiu de fazer esses acarajés pra ela. Mas ela os adorava.”
“Seo Chefe! Ainda não entendi como você a assassinou?”
“Ela começou a engordar demais. Um dia passou muito mau, pico de pressão. Quase teve um enfarto. Eu quase havia atingido o meu objetivo. Mas, após esse evento. Ela entrou num regime. Um regime intenso. Eu até fui cortado do quadro de funcionários do Palácio pra evitar que ela comece alguma coisa diferente da dieta.
Tirei umas férias, fiquei desolado. Achei que meu plano tinha falhado por completo. Mas depois de vinte dias ela me chamou de volta. Em principio eu havia recusado mas ela me ameaçou dizendo que poria a policia federal atrás de mim se eu não voltasse. Então negociei com ela. Pedi mais dinheiro. Eles deram. E fui. Descobri que meu plano estava em pleno andamento. Mas, precisava fazer alguma coisa, ela havia emagrecido. Os indicadores de gordura, colesterol, triglicérides, estavam controlados. Eu havia perdido tempo e precisava recuperar.
Foi quando eu fiquei amigo do médico que tirava sangue dela. Disse que estava com problemas de colesterol também. O quê um rissoles de palmito não faz. Com uma bandeja deles eu comprei o médico e toda as vezes que ele ia tirar sangue dela, ele tirava o meu também. E num momento de descuido eu trocava as ampolas de sangue. Eu fiz isso umas cinco ou seis vezes.”
“Mas os médicos não acharam diferença?”
“Meus indicadores são limítrofes também, tomo remédio. Então eles concluíram que estava tudo controlado.”
“Mas mesmo assim ela não estava engordando. Ou engordou pouco pois não se percebeu.” Disse o delegado.
“Esta foi a segunda parte do meu plano. Um dia levei a ela uma bandeja de canapés lights e um suco desintoxicante. Ela jogou tudo do chão e me pediu um daqueles quitutes especiais. Eu repliquei que ela estava de dieta e que os assessores me proibiram de levar quitutes a ela. Lembra dela brava? A mulher virou uma jararaca do mato brava! Ela queria demitir o assessor. Se ela tivesse uma arma naquele momento ela ia atrás dele matá-lo. Eu tentei acalmar de todas as maneiras e disse que dali alguns momentos eu traria uma super bandeja de quitutes. Ela avançou naquela bandeja parecia um urubu em carniça. Eu trouxe também um remedinho especial para emagrecer. Fácil de se arranjar em qualquer farmácia. A sibutramina. Ela adorou. Até o humor dela melhorou.”
“O senhor conversava bastante com ela?”
“Eu acho que ela gostava de mim. Sabe porque? Ela me xingava pouco. Ficava com pena das meninas que iam servi-la. Xingava mesmo!”
“E como o senhor lidava com os desaforos dela?”

(O Quituteiro deu uma risada irônica)

“Eu simplesmente caprichava nos quitutes e aproveitava pra colocar mais um comprimido de sibutramina na bandeja.
“Um dos funcionários que entrevistamos disse que teve uma época que ela enlouqueceu, ficou mais agressiva e passou a não dizer nada com nada.”
“Sério? Dizer nada com nada? Desculpe seu delegado mas o senhor só pode estar brincando. Ela nunca disse nada com nada. Não sei como esse estrupício ser um presidente. Desse jeito, até eu!”

Os delegado se entreolharam. E tentando se desculpar.

“Foi uma pergunta estúpida mas retórica.”
“Claro...Claro... Mas ela ficou mais maluca sim. Acho que foi uma mistura de muita coisa. O início do processo de impeachment. O cerco a ela e as pilulinhas é claro! Nesses dias os médicos nem vinha mais aqui tirar sangue dela. Se entrassem no gabinete dela, ela lançava cinzeiros, copos o que tivesse a mão. As faxineiras foram ordenadas a tirar do gabinete esses tipos de objeto.”
“Mas, me conte sobre o dia do falecimento.”
“Ela chegou logo de manhã. O dia anterior não foi fácil. Vocês sabem. O impeachment estava correndo solto. Ela não devia ter dormido bem, pois estava com umas baitas olheiras. Pediu o café no gabinete, ligou pra mim lá na cozinha. Vociferou que queria empadas de palmito e croquetes de carne. Esse era o sinal para a pilulinha. Levei uma badeja com todos os quitutes que eu sabia que ela ia comer com gosto. Pasteis de carne, empadas de palmito e camarão. O acarajé que ela tanto ama. Coxinhas com catupiri. Rissoles de camarão. Quirches de queijo mineiro e alguns pães de queijo típicos de Paracatu.
Quando deixei a bandeja lá o pessoal do partido havia chegado. Logo que fechei a porta o bate boca começou. Ali eu vi que do dia ia ser bem quente. A gritaria era histérica dela. E o pessoal do partido também. O gabinete virou uma panela de pressão. Mais tarde perto da hora do almoço. Fui chamado novamente para repor a bandeja de quitutes. Ela havia comido tudo. E assim foi. Repus.”
“Foi aí que ela teve a síncope?”
“Foi uma meia hora depois. Disseram que ela começou a passar mal. Sentou no sofá e morreu ali mesmo.”
“Por um acaso ela havia tomado a naquele dia?”
“Claro. Era parte do café da manhã dela.”
Um dos delegados se levanta e abre a porta.
 “Ô Sérgio! Chama o general. Ele precisa ouvir esta história”.

Na verdade o delegado chefe estava querendo passar a batata quente pra alguém.
Alguns minutos depois o General encarregado da segurança e seu capitão entram na sala e topam com aquela quantidade de quitutes, café e guaraná dispostos na mesa.

“Opa!!! Perdi alguma coisa? Foi aniversário de alguém? Nem me chamaram pro bolo!”
“General. Pode parecer estranho mas estamos no meio de uma confissão de assassinato. Assassinato da Presidenta.”

O General demorou mais alguns segundos pra assimilar aquela informação com um rissoles de camarão na boca e com o que via ali. Uma realidade distorcida. Ele puxou uma das cadeiras. Sentou. Serviu-se de café e escolheu dentre os quitutes uma empada de palmito.

“Pois bem. Me coloquem a par de tudo.”

Seguiu-se a explanação dos delegados e o relato detalhado do  Quituteiro chefe. Três copos de café depois mais uma esfiha, coxinhas, coxinhas com catupiri e último bolinho de bacalhau. O General se manifestou.

“Realmente! Realmente este bolinho de bacalhau é a sua obra prima. Alias a minha esposa adora. Sempre que posso escondo alguns na bolsa. Este é o meu delito. Eu reconheço. Mas por que diabos você esta contando uma coisa dessas agora?”
“Eu sou um cara honesto. Não consegui lidar com o peso desta responsabilidade.”
“Entendo."
“Mas general? E o moço aí? O que fazemos com ele?”
“Com ele? Se ele me trouxer uma bandeja dessa pra eu levar pra casa posso relevar tudo. Beleza?”

O delegado mais jovem não entendeu direito o que o General estava dizendo.

“Mas General? É uma confissão de assassinato!”
“O meu filho? Você me deu essa batata quente pra segurar. O senhor tem ideia da repercussão que isso vai provocar? Já não basta treze anos de agonia? Você consegue entender a dimensão deste presente que caiu no nosso colo? Se for comprovado que ela foi assassinada mesmo e esse cara é o culpado. Os caras que a gente tá dando um pé na bunda agora vão voltar com mais força. E aí ferrou...
Então é o seguinte. O seu Quituteiro! O senhor vai lá na cozinha e me traga aquela cesta de quitutes e por mim esta tudo certo. Eu não vou repartir essa cesta com ninguém, se quiserem que peçam as suas.”

Seguiu-se um alvoroço entre os delegados e o Capitão exigindo também uma cesta de quitutes.
O General olhando firme para o Quituteiro ainda o ameaçou.

“E você quituteiro se você abrir a boca pra alguém contando isso eu juro que enfio o vidro de pimenta da presidenta na sua goela abaixo.
Agora vai lá buscar a minha cesta de quitute. Minha mulher vai adorar!”

O Quituteiro saiu um tanto atordoado. Mas foi como ter tirado um peso da consciência. Estava calmo e em paz.
Dentro da sala de reunião estavam o general, o Capitão e o delegado mais velho.

“Delegado. Você consegue segurar o seu menino aí?”
“Não se preocupe. Ele não é tão idiota quanto parece.”
“Pois é Capitão. Acho que assim como eu você deve estar pensando como somos idiotas. Horas, dias gastos pra nada. Vem um cara desses e faz isso? Como foi que não pensamos numa coisa assim antes? Mas tudo bem. O bom é que passou. Acabou!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O DOSSIÊ


Ato Único

Cenário – Sala Presidencial do Palácio do Planalto.

Personagens – Presidente Lula, Assessor da Presidência, Senhor Garcia, Senhor Genro.

Cena Um – O Pano sobe, mostra o Presidente sentado em sua mesa, o senhor Garcia e o senhor Genro estão em duas poltronas, o assessor abre a porta de supetão e começa o espetáculo.

Lula (com raiva) – Foi você que recebeu a encomenda?


Assessor – Sim Senhor Presidente.

Lula (Irônico) – Meu “Fio”. Como eu posso ter certeza de que você não tem nada a ver com essa história?

Assessor (nervoso) – Eu não senhor. Já disse o que aconteceu. Eu sempre fui fiel ao Partido. Sempre participei de todos os congressos e sempre votei de acordo com o Campo.

Garcia (Intimidador) – O meu Querido! Você quer fazer uma visitinha lá na floresta amazônica com as FARC´s? Quer? Então desembucha!

Tarso – Calma Garcia. Calma. Eu conheço o menino. Ele simplesmente foi o canal do acontecimento. Eles conseguiram nos pegar de calças arriadas! Isto não tem precedentes! Não têm precedentes!

(Garcia levanta e começa a falar em espanhol ao celular)

Lula (desolado) – Pois é. Já conseguimos escapar de várias! Sejam as falcatruas do Mensalão. Sejam as picaretagens dos cartões coorporativos ou as mentiras do outro dossiê ou do dossiê do dossiê, do PAC, do caso de Santo André, do caso Oi, do correio, o apagão aéreo... 

(Tarso o interrompe bruscamente.)

Tarso – Pois é conseguimos, porque sempre houve precedentes, sempre alguém fez alguma coisa parecida no passado. Mas este, eu não sei como resolver. Esse é surreal!

Garcia – Pronto! Já temos o apoio das Farc e do Fidel. Qualquer coisa que precisemos eles estarão prontos a ajudar. Uma fuga rápida, um entrevero em algum lugar pra desviar a atenção. O que for.

Assessor – Talvez se fizéssemos o que eles querem. Politicamente seria o mais prudente.

Lula (visivelmente abalado) – O que eles querem?

Assessor – Querem uma reforma ministerial com os principais cargos a disposição deles. Querem a presidência do Senado e da Câmara, e querem a cabeça de algum cacique do Partido.

Tarso – Acho que isto é pior que exílio.

Garcia – Vou convocar uma reunião de emergência do FSP.

Tarso (bravo) – Deixe de botar fogo na fogueira! Precisamos pensar!

Garcia – Mas Puta que Paril! Porque a Dilma não sossega? Eu avisei ao Dirceu que ela ia dar problemas. Na revolução ela já dava... (Todos param para pensar no que o Garcia acabava de dizer.)

Lula – O Garcia. Cê tem que entender que ela é mais macho do que nós aqui juntos e alguém tinha que assumir o governo depois das presepadas do Zé. Pior do que ele, porque ela acha que pode tudo. Vejam o PAC. A gente não tem cacife pra isso.

Tarso – Mais macho que eu ela não é. Sou Gaucho tchê!

Garcia – Sei. Quer que eu te lembre o congresso do Partido há uns vinte anos atrás?

Tarso – Não sei. Não me lembro e nego tudo.

(Garcia e sua risada irônica. Se serve de Whisky.)

Lula – O que é que a minha mulher vai falar desse escândalo? Já me safei de uma. Outra dessas a patroa não vai perdoar. Já pensou no que o tal do Diego vai escrever quando souber disso? Já imaginou nas besteiras que o senador Salgado e a Ideli vão falar na 
tentativa de me defender? Vai ser um ventilador de merda para todo lado.

Tarso (pergunta ao Assessor) – Só tem uma foto?

Assessor – Não senhor, são várias fotos de vários ângulos e um vídeo.

Garcia – Tamo fu...Não dá pra dizer que é montagem. Cê convocou a Dilma?

Lula – Não. O Tarso falou pra gente tratar desse assunto a portas fechadas.

Tarso – Ela não vai gostar nada do que vamos decidir, mas ela é a maior culpada disso tudo.

Garcia – Bem agora que a candidatura dela estava pegando, mas pegaria melhor se ela tivesse um marido.

Lula – E porque você não se candidatou? Vocês formam o par perfeito. A Marisa sempre diz isso.

(Garcia entorna o copo de Whisky e se serve de novo.)

Tarso – Pois é, se o Partido tivesse me dado o comando nós estaríamos pelo menos mais tranqüilos.

Garcia – Se fosse você, se fosse o Ananias, se fosse a Marta se fosse qualquer um. Tinha de ter um consenso, mas como se sabe, no Partido o consenso não existe.

Assessor – Então, sem querer interromper, a oposição esta esperando.

Lula (desolado) – Acho que vamos ter de abrir as pernas. Diga pra eles que estamos dispostos a negociar.

Garcia – Bom, já que é assim vou aceitar o convite do Evo para tomar umas Pacenas.

Tarso – Vai pular fora de novo.

Garcia – Chama a Dilma para te ajudar.

Lula – Seria melhor se ela fosse com você tomar as Pacenas.

Garcia – Não, muito obrigado. Já tenho minhas Cholas para desabafar.

Assessor – Posso avisá-los?

Lula – Pode, mas me dá esse envelope aqui.

Tarso – Vou convocar o gabinete de crise do Partido.

O Assessor sai junto com os outros, deixando Lula sozinho. Lentamente tira a foto do envelope. Na parede atrás dele, uma imagem vai se formando. A imagem da foto é detrás de um palanque, onde as pessoas estão de costas. Ao centro esta Lula e ao seu lado Dilma com um largo sorriso e sua mão direita pousada na nádega esquerda de Lula, num caloroso aperto. Lula larga a foto e começa a chorar. Cai o pano.