segunda-feira, 6 de abril de 2015

A história final...

A historia final, ou a real interpretação.


O caos se instalou.
Foi tanta roubalheira que nem eles aguentaram.
O castelo de cartas caiu, ruiu. E foi um deus nos acuda.
Os que puderam fugir, fugiram.
Os que não puderam, foram consumidos pela raiva de um povo desesperançoso e raivoso.
Alguns morreram. Outros, foram para cadeia.
Mas os principais, os chefões, simplesmente conseguiram fugir. Desapareceram e nunca foram encontrados.
Os anos se passaram e as buscas ainda continuavam, mas a cada dia que passava, as autoridades ficavam mais e mais céticas em prendê-los.
Com identidades falsas, alguns com mudanças na própria face, refizeram a vida.
Nada comparada com aquela ostentação e pujança.
Algo mais simples e mais verdadeiro.

Cena 1 ato     

Um camarim de teatro, um homem vestido de palhaço espera o maquiador sentando em frente ao espelho, cheio de velhas fotografias.
Consulta o relógio no celular antigo. O espetáculo esta prestes a começar.
A porta se abra e entra uma figura esguia com trejeitos afeminados.

“Olá! Eu sou o novo maquiador. Desculpe o atraso. Não conheço direito o teatro e me perdi”.
O homem o olhou com reprovação.
“Não se preocupe, eu sou bom e já maquiei bastante palhaços por aí. Conheço profundamente as técnicas de maquiagem do Clown.”
“Tudo bem mas seja rápido que o espetáculo esta prestes a começar e a casa esta cheia!”
O maquiador abriu seu estojo. Olhou profundamente no homem e começou seu trabalho.
“Você tem um rosto familiar. Sou bom fisionomista. Acho que o reconheço de algum lugar.”
“Você deve ter me visto pelos circos da vida. Sabe que eu sou famoso neste meio.”
“Não. Eu sou bom fisionomista. Você me lembra muito o ex presidente Lula. Se você estivesse de barba seria o próprio.”

“É. Já me confundiram algumas vezes. Mas eu não gosto. O Lula me ferrou de verde e amarelo.”

“Sabe que eu votei nele várias vezes.”

“E você não se arrepende?"

“Sim. Amargamente.”

O maquiador para de repente, coloca as mãos na boca perplexo.

“Você é o Lula!”
(Gargalhadas) “Se eu sou o Lula, porque eu estaria aqui neste circo de quinta categoria?"

“Eu sou maquiador e sei que esse dedo mindinho é falso. Mas tudo bem. Não precisa se preocupar. Mas como é que você veio parar aqui?"
Não tinha como evitar. O maquiador havia descoberto.
“Bom, eu sempre quis ser palhaço, desde criança, quando uma tia minha fugiu com o palhaço de um circo lá na Paraíba. Aí, na época do Mensalão, as coisas começaram a dar errado, fui rezar pra São Cristovam que é meu santo.”
“Mas o pessoal do partido nunca achou ruim de você ficar rezando?"
“Eu rezava escondido. Todo nordestino tem um santo. Não podia negar isso.
Quando eu saí da capela do Palácio a Marisa estava assistindo um show do Cirque de Soleil na TV. Lembrei da Tia e de quando criança gostava dos palhaços. Foi aí que decidi o que seria depois da presidência. Porque se eu continuasse como os outros, dando palestras por aí eu ia me danar. Eu sei muito bem como funcionam as coisas. Aí eu pedi ao Cirque de Soleil para me ensinar a ser palhaço, em troca daria patrocínios."
“Tá. Mas eu queria ver você falar o seu bordão.
“Que bordão?"
“Aquele..."
Ele afasta o maquiador de lado. Olha para o espelho levanta a cabeça com imponência e...
“Companheiros! Nunca antes nestepaiz....!!!!”

O Maquiador aplaude freneticamente.

“Só me faça um favor menino. Não me denuncie. Eu estou pagando meus pecados, não quero ir pra cadeia."
“Não. Tudo bem. O seu segredo esta seguro comigo. Sou um túmulo! Mas, você não sente falta daquelas coisas de Brasília?"
“Sinto! Claro que sinto! Todo mundo lambendo meus pés. É bom demais!"
“Porque você não faz uma paródia de você mesmo? Afinal você é tão parecido com o ex presidente Lula."(Deu uma piscada com um olho.
“Eu já havia pensado nisso, mas fiquei com medo de que me reconhecessem."

“Pronto. Terminei E aí? O que achou?"
“Você é bom mesmo menino. Está ótimo! Você tem jeito pra coisa mesmo e nem parece viado!"
“E você continua o mesmo."
Neste momento entra o dono do circo.
“Vamos lá Lula, o circo esta lotado! Dois minutos pra entrar!"
“O Zé! O menino aqui é bom. Dá umas pratas pra ele."
O dono do circo mede o menino de cima a baixo.
“O menino! Toma aqui cem pratas."
“Espera aí! Mas o combinado eram duzentas pratas!"
“Meu filho! Se quiser são cem pratas, se não quiser eu chamo a Monga pra intermediar a conversa."
Monga era o nome de um dos seguranças do circo.
“Peraí! Eu te conheço! Você  é o José Dirceu! Você ainda esta foragido!"
“Olha aqui o seu moleque! Tá aqui trezentos paus pra você cair fora e calar o bico! Se não a Monga vai atrás de você, viu?"


Cai o pano.